Nimona: Uma Animação que Encanta e Faz Refletir — Resenha by Soso

Nimona (2023)


Direção: Nick Bruno, Troy Quane.
Produção: Roy Lee, Karen Ryan, Julie Zackary.
Roteiro: Robert L. Baird, Lloyd Taylor.
Música: Christophe Beck.
Gênero: Fantasia, Magia, Medieval, LGBTQIAP+, Aventura.
Data de Lançamento: 30 de junho de 2023.
Baseado em: Nimona, de ND Stevenson.
Duração: 1 hora e 41 minutos.
Dubladores: Isabella Guarnieri, Rodrigo Andreatto, Wirley Contaifer e Adriana Pissardini.
Classificação Indicativa: +10.

Sinopse: Ballister é o primeiro plebeu a se tornar cavaleiro em uma sociedade preconceituosa e com apenas nobres no poder; ele foi escolhido a dedo pela rainha, porém, no dia em que iria receber o titulo oficial, a rainha é assassinada. As evidências não apontam para ninguém que não seja ele, Ballister se vê encurralado e foge para a floresta. É aí que Nimona entra em cena para ajudá-lo (mesmo que de forma peculiar).

Nimona é um daqueles filmes que, desde o momento em que estreou, me prendeu de uma forma que poucas animações conseguem de faro. Já perdi as contas de quantas vezes assisti, e cada nova visualização traz uma emoção diferente. A beleza dos traços, a suavidade com que os personagens se movem, e o cuidado com cada detalhe são impressionantes. É uma verdadeira obra de arte que faz meus olhos brilharem a cada cena.

Uma história profunda e sensível

Mas Nimona não é apenas sobre visuais deslumbrantes – a história é igualmente envolvente e cheia de camadas. Ela fala sobre aceitação, identidade e os efeitos devastadores do preconceito, temas que ressoam em todos os públicos, desde os mais jovens até os adultos. E o que é ainda mais surpreendente é como o filme aborda a depressão de forma sutil, mas poderosa, algo que raramente vemos em animações voltadas para o público infantojuvenil. Ver uma personagem como Nimona passar por isso traz uma reflexão importante: muitas vezes, as cicatrizes mais profundas são aquelas que não podemos ver.

A complexidade de Nimona

A protagonista, Nimona, é uma personagem fascinante e maravilhosamente bem construída. Ela é forte, complexa e, ao mesmo tempo, vulnerável. Sua história se desenrola de maneira tão fluida que mal percebemos o quanto ela está sendo moldada pela dor da rejeição. Ela é incompreendida, rejeitada simplesmente por ser diferente, e o filme retrata isso com uma profundidade que toca qualquer pessoa que já se sentiu excluída ou mal compreendida. A forma como o filme constrói essa narrativa é de tirar o fôlego – vemos como o preconceito de um reino inteiro a afeta, e só quem já passou por algo assim consegue entender o impacto de ser rejeitada por ser quem é.

O reino: Beleza futurista e um contraste intrigante

Algo muito interessante em Nimona é o cenário deslumbrante do reino, que combina elementos de uma realidade futurista com uma estética medieval. É uma sociedade onde a tecnologia atingiu níveis surpreendentes – carros que voam, hologramas espalhados por toda parte e uma infraestrutura avançada. Ao olhar para esse mundo de alta tecnologia, é fácil pensar que a humanidade evoluiu muito, não é? 

No entanto, o filme nos faz refletir sobre como, apesar de todo o progresso tecnológico, a evolução humana em termos de valores ainda tem um longo caminho a percorrer. É curioso como, em um lugar que parece tão perfeito e avançado, conceitos tão primitivos como o preconceito ainda estão profundamente enraizados. Essa dicotomia entre o avanço tecnológico e o atraso nas relações humanas é uma crítica muito legal que o filme faz, revelando o quanto a sociedade pode progredir em um aspecto e regredir em outro.

A vilã e o preconceito

A vilã do filme é a personificação de uma mentalidade fechada e preconceituosa. Ela se recusa a enxergar além de suas próprias crenças e medos, o que reflete como, muitas vezes, o preconceito nasce da ignorância e da recusa de aceitar o outro como ele é. Porém, o que torna Nimona tão especial é que o filme também nos ensina que todos podemos mudar. Somos todos, em algum nível, suscetíveis ao preconceito, mas o importante é reconhecer isso e trabalhar para sermos melhores.

O crescimento de Ballister

Ballister, mesmo sendo alvo de discriminação, também tem seus próprios preconceitos, especialmente em relação a Nimona. Ele desconfia dela e teme o que ela representa. Mas ao longo da trama, vemos seu crescimento como personagem, à medida que ele começa a questionar suas próprias crenças e a ver Nimona pelo que ela realmente é. A amizade e confiança que nasce entre eles é um dos pontos mais bonitos do filme, e mostra como podemos crescer quando damos uma chance ao que nos é desconhecido.

Uma mensagem de esperança e mudança

Há um momento crucial em que Ballister se pergunta se deveria fugir com Nimona, longe de todos que o discriminam. Mas é Nimona quem o faz refletir sobre o quanto as pessoas podem mudar. Ela o lembra que todos nós já mudamos muito, internamente, e que se dermos espaço, outros também podem mudar. É importante acreditar no potencial de mudança, tanto em nós mesmos quanto nos outros.

Reflexões sobre depressão e preconceito

O filme também não foge de temas difíceis. A depressão e o isolamento de Nimona por conta do preconceito que enfrenta são retratados de maneira delicada, mas impactante. Em determinado momento, vemos o quanto o preconceito pode destruir alguém, levando a consequências trágicas, como a representação de um quase suicídio. Isso nos faz refletir até que ponto as palavras e ações de outros podem afetar uma pessoa.

Conclusão: Um filme para refletir

Nimona é, sem dúvida, um filme muito querido para mim. Ele é envolvente, divertido e, ao mesmo tempo, profundamente reflexivo. O final aberto me deixou com aquele desejo de querer mais – uma continuação seria um sonho! O filme deixa muitas questões em aberto, e eu adoraria ver como a história de Nimona continua. Recomendo fortemente que todos assistam Nimona. É uma experiência que, além de entreter, nos faz refletir sobre preconceito, aceitação e o poder da mudança. Se você ainda não assistiu, corra para assistir e prepare-se para se emocionar.


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